Uma vida…

Um homem sozinho em seu quarto começa a olhar a sua volta como se tivesse perdido algo, era um cômodo pequeno com poucos moveis e objetos, apenas uma estante de livros, uma escrivaninha e um colchão jogado ao chão que ele devia chamar de cama, a poeira tomava conta daqueles poucos moveis, iluminados por uma lâmpada já amarelada, ao lado de seu colchão uma garrafa pela metade de uma bebida qualquer e um copo quebrado. Ele caminha em direção a pequena escrivaninha onde debaixo de uma pilha de manuscritos ele encontra um pequeno envelope pardo todo rabiscado com números de telefones e anotações que ja não fazem mais sentido, ele o ergue em direção a aquela luz amarelada, parece não saber se o abre ou se o deixa novamente sobre a bagunçada escrivaninha, ele olha em direção a garrafa e o copo quebrado, e com uma respiração profunda ele novamente se vira para a escrivaninha jogando ao chão centenas de papeis que ali estavam, ele vira o envelope sobre a escrivaninha espalhando todo o seu conteúdo, ele sabia que toda a sua história estava ali guardada dentro daquele envelope pardo, ele respira profundamente como a tomar coragem, ele vê sobre a escrivaninha um guardanapo com uma marca de batom e sorri, naquele guardanapo já amarelado pelos muitos anos havia a lembrança daquela que foi seu grande amor, que mulher, quantas loucuras, quantas lembranças. Delicadamente ele dobra o guardanapo deixando-o ao lado de seu passaporte, que ele começa a folhear procurando a data de sua ultima aventura, a cada folha que ele vira ele revive um pouco de cada lugar que ele passou, um sentimento de satisfação lhe toma conta, afinal ele tinha visto tanta coisa em tantos lugares, como dono de si, que poderia escrever dezenas de livros só para contar suas histórias ou estórias, afinal já fazia tanto tempo, que ele já não sabia mais diferenciar as coisas que realmente vivera das coisas que havia inventado para ilustrar um lugar sem graça ou uma passagem sem sentido, quando a ultima folha escrita ele encontra, ele percebe que não fazia idéia de quanto tempo já se passara desde sua ultima aventura, ele rapidamente fecha o passaporte colocando-o sobre o guardanapo, ele novamente começa a mexer sobre os papeis quando ele encontra uma pequena foto, amassada, manchada, já com pequenos furos feitos pelas traças que já lhe haviam custado tantas memórias. Neste momento ele parou, e o silencio foi cortado por seus soluços que se tornavam cada vez mais intensos e seguidos por um choro sofrido, ele se levanta apertando a foto sobre o peito ele vai em direção a luz daquela lâmpada amarelada, seu olhar turvo por seus olhos marejados tentava focar aquela pequena fotografia, durante algum tempo ele ficou ali parado sobre a luz amarelada olhando para aquela fotografia. Quando então com todo o cuidado ele a coloca novamente sobre a escrivaninha. Ele esta só, e ali naquele momento ele se deu conta que o tempo passou, e ele esta só, num cômodo pequeno e empoeirado com poucos móveis, ele se deu conta de que todas as histórias ou estórias que sempre lhe foram a razão ( ou desculpa, ele já não sabia ) de viver não passavam agora de lembranças na cabeça de um velho, e que já não importavam para ninguém, nem para ele mesmo. Ele esta só, aquela mulher que ele amou, e que mulher, ficou pelo caminho, trocada por uma aventura qualquer. Ele se deu conta ao olhar para aquela foto já furada pelas traças e manchada pelo tempo que já não se lembrava bem do rosto das pessoas que ele mais amava, e que suas vozes só lhe eram familiares nos poucos contatos telefônicos que a distancia lhe permitia.
Ele estava só, e viu que toda a sua vida de alegrias e viagens, mulheres, loucuras ou o que quer que seja tinha passado, ele já não era mais jovem, não tinha um amigo sequer que lhe fosse honesto, isto é não tinha amigos, não tinha mais nada, tudo que ele tinha estava naquela foto. Ele pensou em desistir, afinal de que valeria continuar? Por noites e dias, e noites ele chorou, sentiu raiva, tristeza, dor, medo… Alguns dias se passaram e ele ainda estava ali naquele pequeno cômodo. Enlouquecendo ao lado daquele copo quebrado, quando enfim, alguém lhe bate a porta, ele não tem animo para atender, mas lá de fora vem uma voz que ele não sabia de quem era, uma voz infantil lhe chama pelo nome. Ele se levanta daquele colchão jogado ao chão e com os cabelos embolados a barba já lhe tocando o peito ele abre a porta e vê a luz do dia lhe ofuscando olhar e iluminando a imagem daquele pequeno ser de pouca idade e um olhar doce que lhe chama pelo nome e lhe estende a mão.

CONTINUA…

2 thoughts on “Uma vida…

  1. 3 coisas:

    1 – Gostei do texto, você usa boas palavras na descrição, bom, bom.
    2 – Tem alguns erros de português. Acho que a maioria das pessoas não liga muito pra isso – acentuação – mas tipo, tem muita palavra sem acento ou com o acento errado (éra). E mexer é com x, mas isso acontece.
    3 – O ponto forte pra mim foi o final, digo, não sei como vai ser a continuação, mas terminando a sim, terminaria bem. Pra mim. (Embora a maioria das pessoas goste de saber sim o que vai acontecer).

    • Obrigado pelas observações, assim, realmente eu não costumo revisar os textos que escrevo, faço de uma vez só, e quando acabo de escrever publico imediatamente. Então é natural que diversos erros de português escapem, tentarei ter mais atenção a isso nos próximos textos.

      Valeu,

      Obrigado

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